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"O conceito aprofunda e apoia a crescente manifestação de interesse sobre o que é feito por nós próprios. Sobre o valor acrescido ao objecto, que tem o seu tempo, aliás o nosso tempo, a nossa dedicação.
Como uma prenda que damos a nós próprios para lá do sentido de "hobbie" de passar o tempo.
Interessa-nos não o 'matar do tempo' mas o objecto feito com qualidade e prazer, a materialização da nossa dedicação."

"This concept intends to deepen and support the growing expression of interest about what is really created by ourselves, of the extra value of the object, which has its time, meaning our time, our dedication.
Like a gift that we give to ourselves beyond the sense of hobby or spending time.
We are interested not in killing time but in the object made with quality and pleasure, the materialization of our dedication."

terça-feira, 10 de julho de 2012

[(im) possível]

É tão bom ter uma vontade, um ímpeto que nos faz levantar e erguer o corpanzil estirado na cama num pulo enérgico. É como um respirar que nos ocupa todos os espacinhos do peito e até aperta o coração. Ter vontade, ou ímpeto, é aquilo a que muitos gostam agora de apelidar de empreendedor. Empreender é sem dúvida a palavra do momento, passámos por momentos "lounge", curvamos no "gourmet" e entrámos directamente, sem passar pela casa da partida, no verbo "empreender". Que raio de vocábulos se colam às cabeças das pessoas, e nestas coloco-me eu lá dentro também. 
Mas como eu dizia, empreender, ter vontade, ter ímpeto é uma sensação maravilhosa, como uma faisca que nem sempre existe e nos faz avançar, como um motor que nos acciona.
Mas eis senão quando aquilo que nos faz avançar, a ideia que conquista brilhos em olhares alheios, tantas e tantas vezes analisada, esmiuçada, posta em causa, é posta em causa por um terceiro. O simples acrescentar do prefixo IM aos vocábulos: possível, perfeito, coerente. 
Pânico! Medo! 
Aquilo que diariamente íamos revestindo de possibilidade, conquistando a coerência, que íamos lapidando de autenticidade dia após dia, lutando com a auto-estima e querendo crescer com ela, é deitado a baixo com um torcer de nariz. E agora o que fazer?
Resolução nº1: acabar com a palhaçada, voltar a estirar o corpanzil na cama e dormir?
Resolução nº2: entender o trocer de nariz como um tique do indíviduo, espelho da sua vunerabilidade, voltar a pular da cama, dia após dia, e caminhar no encontro do impossível?
Será que o Peixoto tem razão quando escreveu "Todo o impossível poderá vir a ser possível. Assim, não há nenhum motivo para fazer cara de peido e dizer: não, acho que não vai correr bem."*?!
* texto integral aqui.


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